Artesanato


O artesanato de Paraty é rico e variado. Na orla marítima é intensa a confecção de remos, canoas, barcos, gamelas de madeira, balaios, samburás, peneiras de taquara, abano de palha, redes de pesca e velas de embarcação, no sertão: cestos, pilões, tipiti, peneiras e várias miniaturas decorativas e utilitárias de taquaruçu, taquara e bambu, além de tapetes e cestos de taboa. 
Os tradicionais barcotes de Paraty vêm de um deslumbrante trecho do litoral sul-fluminense, localizado no distrito de Paraty-Mirim: o Saco do Mamanguá – assim denominado devido à abundância de peixes (mamanguá, em idioma indígena, significa local de comer), preservada pelo trançado da costa, que reproduz a forma de um saco.
É ali, entre o mar, o mangue e a mata atlântica, que vive uma comunidade de artesãos exímios no entalhe da caxeta, árvore nativa que brota nos alagados e produz uma madeira alva, leve e macia, cujos galhos transformam em miniaturas de canoas, traineiras, saveiros, escunas e veleiros, cruas ou pintadas de um colorido singular.

Cerca de 100 famílias habitam o Mamanguá. Dessas, um terço, aproximadamente, tira seu sustento do artesanato em caxeta, com sua produção se destacando no comércio de Paraty – a venda é quase toda destinada às lojas da cidade.
Na observação diária e experimentação é que se formam os artesãos: as crianças, desde oito, nove anos, começam a ‘ajudar’; os adolescentes já se encarregam de pequenas tarefas, e logo, logo, há mais um artesão completo na família.
O orgulho com que vêem seus filhos desenvolvendo a técnica, aprimorando os modelos e acrescentando inovações ao repertório tradicional indica a importância que atribuem à atividade, praticada com sabedoria e respeito aos recursos naturais da região.
No centro da cidade: tapetes, cortinas, almofadas, colchas de retalhos cortinas, toalhas, peças de vestuário, bonecas de pano, flores de papel, crochê, cerâmicas, pinturas, máscara, doces típicos, licores, etc...Diversas lojas de artesanato no centro da cidade vendem objetos feitos em Paraty.


Material:
Madeira, caxeta
Descrição do processo técnico:
"São várias as etapas do processo de produção, que começa com a retirada da caxeta, em época adequada para garantir a durabilidade das peças...Ainda no caxetal e com o mesmo facão usado para separar o galho, o artesão faz alguns cortes iniciais...Segue-se a retirada da casca e a divisão das toras ou a preparação das tábuas, dependendo do diâmetro do galho coletado, o que alguns fazem ainda no caxetal, outros em casa...Cascos, mastros e arremates são cortados em série e depois montados e presos com preguinhos, sendo fundamentais habilidade e precisão que evitem rachaduras na madeira". (pg. 26/27)
Utilização:
Objeto lúdico
Decoração

Contexto socioeconômico:
"O fechamento dos ciclos econômicos do açúcar e do ouro, a abertura de estradas e a excelência da região determinaram ao longo da história do país que Paraty viesse a viver hoje basicamente do turismo...". (pg.10/11)
"Ao longo dos quase nove quilômetros de comprimento de uma e outra distribuem-se várias comunidades, muitas vezes núcleos familiares: Mamanguá de Fora, Praia Grande, Currupira (como pronuncia o caiçara), Regato, Laranjeira (no chamado fundo do saco costurando as duas margens), Baixio (de Dentro e de Fora) e Cruzeiro...Não chegam a 600 pessoas os habitantes do Mamanguá, em pouco mais de 100 famílias com alto grau de consanguinidade". (pg.13)

"a população depende de Paraty para quase tudo". (pg.14)
"As casas caiçaras são discretas...Quase todas têm uma roça de mandioca, que às vezes fica localizada em sítio próximo, e casa de farinha, mínima que seja, para produção de farinha de excelente qualidade, incorporada aos hábitos alimentares locais, à base de peixe, feijão e banana". (pg. 14)
"Cerca de metade dessa população vive da pesca artesanal ou embarcada, da construção civil, ..., da prestação de serviços domésticos, como caseiros, jardineiros e cozinheiros, ou de transporte (barqueiros). As demais 50 famílias, aproximadamente, tiram seu sustento do artesanato em caxeta, árvore nativa, que brota nos alagados e produz madeira alva, leve e macia, com que fazem, mediante excelente técnica, miniaturas - em geral de canoas, traineiras, saveiros, escunas e veleiros, - remos, gamelas e outros utensílios domésticos..." (pg. 15)
" A vantagem do sistema nuclear está sobretudo no revezamento com relação à coleta da matéria-prima e na entrega da produção". (pg. 19)
"outro complicador da atividade é a sazonalidade da demanda". (pg. 22)

Contexto cultural:
"Navegar é preciso...Tal como a usou Fernando Pessoa, a expressão refere-se aqui ao transporte marítimo, fundamental ao caiçara, que nasce, vive e morre à beira d´água, descobrindo na medida de suas necessidades as melhores formas de morar, comer, locomover-se e o mais que daí decora..." (pg. 9)
"Cabe mencionar que o navegador Amir Klink, em suas viagens oficiais, presenteia as autoridades estrangeiras com remos do Mamanguá". (pg. 23)
Contexto ambiental:
"Mamanguá - local de comer em idioma indígena. Conta-se que os Guaianá, seus ocupantes originais, em ocasiões de celebração coletiva, ali se reuniam, conhecedores da abundância de peixes, preservada pelo traçado da costa, que reproduz a forma de um saco". (pg. 11)
"Especificamente em relação ao artesão, a questão da extração é crucial - se o IBAMA permite, o IEF proíbe, determinando deslocamentos para a matéria prima. A Associação de Moradores e Amigos do Mamanguá vem tentando atenuar essas dificuldades..." (pg. 17)
"A margem peninsular do Saco é reserva ecológica (da Juatinga) controlada pelo Instituto Estadual de Florestas - IEF; a outra continental, é área de proteção ambiental (do Cairuçu) sob responsabilidade do Instituto Brasileiro do Meio ambiente - IBAMA." (pg. 13)

"...e embora sejam utilizados apenas os galhos, preservando-se a árvore, é preciso cuidar do manejo, o que é feito com propriedade no mamanguá, sobretudo depois do convívio dos artesãos com técnicos do Laboratório de Silvicultura Tropical da Escola Superior de Agricultura Luís Queirós - Esalq, do campus de Piracicaba da Universidade de São Paulo". (pg. 27)

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