Por volta de
1540 os portugueses instalaram no Brasil os primeiros engenhos para produção de
açúcar e rapadura. Para se fazer rapadura, fervia-se o caldo da cana, separando
a espuma que se formava - o cagaço - para dar aos animais. Encarregados da
produção da rapadura e de levar o cagaço para os cochos dos animais, os
escravos perceberam que após um ou dois dias parado, o cagaço fermentava,
transformando-se em álcool.
Não demorou muito para os senhores de engenho
descobrirem esse álcool. Acostumados a produzir à bagaceira, uma aguardente
feita da uva, os senhores de engenho resolveram destilar o cagaço para separar
as impurezas. Surgia assim a cachaça.
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A Cachaça de
alambique é a mais nobre das bebidas brasileiras e nasce artesanalmente, em
pequenos alambiques de cobre nas propriedades rurais. Com teor alcoólico de 38%
e 48% de volume, possui um sabor marcante e um bouquet inconfundível. E hoje,
vem conquistando espaço nos mais variados cardápios do mundo inteiro. Em
Paraty, a pinga de alambique, que tem um importante papel econômico e cultural,
é produzida seguindo a tradição das antigas fazendas dos séculos passados.
O INICIO
Em torno de
1700, acredita-se que teve início a produção de aguardente em terras
paratienses. De tão boa qualidade era a bebida que a vila acabou emprestando
seu próprio nome ao produto, daquela época em diante, tomar uma parati era o
mesmo que beber aguardente de primeira linha.
Tão famosa era a pinga paratiense
– como consta em diversas fontes históricas – que o preço de um litro custava
“sete mil réis mais caro, em pipa, que todas as demais”. Consta ainda, que a
venda de banana, peixe e farinha não somava a renda que o município obtinha com
a venda de pinga. Com a Pinga de Paraty foi pago parte do resgate do Rio de
Janeiro que em 1722 foi invadido pelo pirata francês Dougay troin. Já em 1908,
a famosa “Azuladinha” de Paraty, pinga que no destilo recebe os vapores da
folhas de tangerina, ganha a Medalha de Ouro da Exposição Nacional, no Rio de
Janeiro.
Foi assim que
Paraty chegou a meados de 1800 com cerca de 120 alambiques artesanais
produzindo e comercializando, estima-se quase um milhão de litros de aguardente
por ano.
Os segredos
de fabricação continuam guardados a sete chaves, mas o modo de fazer pode ser visto
por qualquer um que visitar os alambique que ainda hoje funcionam com roda
d’água, barril de carvalho, pipas, dornas artesanal e tachos de cobre com fogão
à lenha.
O resultado
desta combinação que reúne terra boa para a cana e o conhecimento de séculos de
tradição só pode ser degustado com uma boa Parati feita em Paraty, terra mãe
das boas pingas artesanais do Brasil. (fonte- Zé Pital-paratiense).
Existem
documentos históricos que comprovam a produção de açúcar e aguardente em Paraty
desde o século XVII, o solo de Paraty era considerado ideal para a plantação de
cana-de-açúcar e a geografia acidentada com numerosos rios facilitava a
construção de rodas d’água, indispensáveis para a moagem, em grande escala, da
cana-de-açúcar.
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foto Pedro Gorski |
Esses elementos transformaram Paraty no maior e melhor centro
produtor da bebida durante os períodos do Brasil colonial e Imperial. Em 1805,
o Ouvidor Geral José Antonio Valente, nas Providências Administrativas,
informava: “Na agoa ardente tem progresso, e sobre tudo na feitoria que lhe
assegura de augmento sete mil réis em pipa sobre as demais. Talvez se
descubram, examinando o causal da melhoria, se do terreno, das agoas ou das
lenhas ela provém. Deve regular a duas mil e seiscentas pipas por ano, e faz
este artigo, 151.200$. Esta resulta de produção calculada”. Isto corresponde
aproximadamente a 1.232.000 litros!
Acredita-se
que, a partir de 1600, a bebida tenha começado a ser alambicada em terras
paratienses. E, mesmo sem ter sido pioneira na produção da aguardente de cana,
Paraty - “quer pelas suas terras, quer pelas suas águas ou lenhas" ou
ainda pelos segredos da própria alambicassem - foi a mais importante região
produtora de pinga no Brasil Colônia. Não apenas na Corte como na Colônia,
todos pediam uma dose de paraty quando desejavam uma simples aguardente.
Dos mais de
100 alambiques de aguardente que funcionaram no município a partir de meados de
1700, a cidade conta hoje apenas com 7:
A INDICAÇÃO GEOGRÁFICA - IG –
Constitui um
instituto jurídico, previsto na nossa Lei da Propriedade Industrial, de 1996,
que visa reconhecer e proteger o nome geográfico de pais, região ou
localidade, que identifique algum produto ou serviço típico. Na Europa,
existem mais de 3 mil produtos agropecuários com certificados de IG. No Brasil,
a certificação é recente.
A IG resulta na fidelização do consumidor, que saberá
que, sob a etiqueta da Indicação Geográfica, vai encontrar um produto de
qualidade e com características locais, peculiares a um determinado lugar.
A IG
realiza-se através de um registro junto ao INPI, que expede um Certificado
específico. Entre nós, existem dois tipos de Indicação Geográfica: a Indicação
de Procedência e a Denominação de Origem. São dois registros diversos, com
implicações e conseqüências jurídicas e econômicas diferentes. A Indicação de
Procedência traduz-se no "nome geográfico de país, cidade, região
demarcada ou localidade de seu território, que se tenha tornado conhecido como
centro de extração, produção ou fabricação de determinado produto ou de
prestação de determinado serviço". Na embalagem do produto estará gravado
"Indicação de Procedência". Já a Denominação de Origem se dá quando o
nome geográfico de país, cidade, região demarcada ou localidade de seu
território, designa produto ou serviço cujas qualidades ou características se
devam exclusiva ou essencialmente ao meio geográfico, incluídos "fatores
naturais e humanos".
O Certificado que a Cachaça de Paraty recebeu do INPI, em 2007, foi o de Indicação de Procedência, isto é, o direito exclusivo de somente as pingas fabricadas no município exibirem em seus rótulos a indicação: Cachaça de Paraty, seguida da expressão "Indicação de Procedência". Somente as cachaças fabricadas em Paraty poderão usar o nome geográfico "Paraty" em seus rótulos, quando se sabe que várias marcas de cachaça, em diversos Estados, usam o nome "paraty" para denominar cachaça .
No Brasil há
apenas 6 produtos com o selo de Indicação de Procedência, sendo que Paraty é a
primeira cachaça brasileira a receber esta certificação. ( fotos da APCC)
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