A FLIP estará na sua 10ª edição, e confirmada para o período de 4 a 8 de julho, contando com grandes nomes da literatura internacional, entre eles o escritor americano Jonathan Franzen, autor do premiadíssimo romance “Correções” (prêmio National Book Award 2001) e que, no ano passado, foi capa da revista Time com a reportagem “O Grande Romancista Americano” ao lançar o livro “Liberdade”.
No ano em que Carlos
Drummond de Andrade (1902-1987) será homenageado na 10.ª Festa Literária
Internacional de Paraty, de 4 a 8 de julho, Silviano Santiago fará a
conferência de abertura. O escritor, crítico literário e colunista
do Sabático pretende tratar, na noite de 4 de julho, sobre a
atualidade e o cosmopolitismo do poeta mineiro, que ele conheceu pessoalmente e
com quem organizou Carlos e Mário, livro de correspondências trocadas
com Mário de Andrade - que seria lançado em 2002.
Por causa dos dez anos da FLIP, a organização está convidando escritores que já estiveram em edições passadas. Com isso voltam Ian McEwan (veio em 2004),Enrique Vila-Matas (veio em 2005 e também esteve por aqui ano passado no Congresso da revista CULT) e o gaúcho Luis Fernando Veríssimo (segundo informação do jornal O Globo ele esteve na FLIP em 2003, 2004, 2005 e 2008).
Se a FLIP pretende chamar um grande nome de cada edição passada quero fazer uma sugestão: poderíamos ter a escritora Toni Morrison, de 2006 (ela vai lançar novo romance nesse ano); César Aira, de 2007 - já que J.M. Coetzee não vem; e Michel Laub, de 2008 (autor de um dos melhores romances do ano passado).
Vem pela primeira vez o espanhol Javier Cercas, a cubana Zoé Valdés, os norte-americanos Jennifer Egan, Jonathan Franzen e Teju Cole (apesar de ter nascido nos Estados Unidos foi criado na Nigéria), o francês Jean-Marie Gustave Le Clézio e o poeta sírio - e sempre candidato ao Prêmio Nobel - Adonis. Da parte dos críticos vemRichard Sennett, Stephen Jay Greenblatt e James Shapiro, os dois últimos são especialistas em Shakespeare. Na semana passada, a Companhia das Letras confirmou a participação do português José Luis Peixoto na programação paralela da Festa.
Nos últimos dez anos, o crescimento em todo o Brasil das feiras literárias, congressos, eventos e lançamentos com a participação de escritores diluíram um pouco o impacto da programação da FLIP na opinião pública. Isso não quer dizer que a Festa esteja se tornando irrelevante. Pelo contrário, a FLIP ajudou a construir o nosso "mercado" de eventos literários de grande porte (pelo que me lembro, antes a gente só tinha a Bienal do Livro) e continua sendo a maior do setor. Somente um evento de prestígio internacional como a FLIP pode trazer alguns medalhões da literatura mundial como o poeta Adonis e o escritor Jonathan Franzen, para citar dois convidados desse ano. Não é aleatória a escolha da revista Granta de anunciar seu número especial com os melhores jovens escritores brasileiros durante a Festa. Também não podemos desprezar a enorme movimentação nas vendas de livros. Um escritor convidado para a FLIP certamente vende muito bem - ainda mais quando sua participação comove a platéia.
Lembro de ter lido em algum lugar que os organizadores da FLIP, Liz Calder e Mauro Munhoz, tem planos de expandi-la para Campinas, Porto Feliz e até para a Inglaterra. O que lembra muito Hay Festival, evento que inspirou a FLIP e tem ramificações em várias partes do mundo. Enquanto a expansão não acontece alguns autores convidados ficam no Brasil e participam de lançamentos ou palestras em São Paulo e no Rio.Mais nomes internacionais devem aparecer em breve. Os nomes nacionais costumam ser anunciados por último. Espero que eles apareçam aos montes.
QUARTA (4/7)
19h Abertura
Flip, ano 10: Luis Fernando Verissimo
Drummond 110: Antonio Cicero, Silviano Santiago
Flip, ano 10: Luis Fernando Verissimo
Drummond 110: Antonio Cicero, Silviano Santiago
21h Show de abertura: Ciranda de Tarituba e
Lenine
*
QUINTA (5/7)
10h
Mesa1
Escritas da finitude: Altair Martins, André de Leones, Carlos de Brito e Mello, com mediação de João Cezar de Castro Rocha
Mesa1
Escritas da finitude: Altair Martins, André de Leones, Carlos de Brito e Mello, com mediação de João Cezar de Castro Rocha
11h45
Mesa Zé Kleber
A leitura no espaço público: Silvia Castrillon e Alexandre Pimentel, com mediação de Écio Salles
Mesa Zé Kleber
A leitura no espaço público: Silvia Castrillon e Alexandre Pimentel, com mediação de Écio Salles
15h
Mesa 2
Apenas literatura: Enrique Vila-Matas e Alejandro Zambra, com mediação de Paulo Roberto Pires
Mesa 2
Apenas literatura: Enrique Vila-Matas e Alejandro Zambra, com mediação de Paulo Roberto Pires
17h15
Mesa 3
Ficção e história: Javier Cercas e Juan Gabriel Vásquez, com mediação de Ángel Gurría-Quintana
Mesa 3
Ficção e história: Javier Cercas e Juan Gabriel Vásquez, com mediação de Ángel Gurría-Quintana
19h30
Mesa 4
Autoritarismo, passado e presente: Luiz Eduardo Soares e Fernando Gabeira, com mediação de Zuenir Ventura
Mesa 4
Autoritarismo, passado e presente: Luiz Eduardo Soares e Fernando Gabeira, com mediação de Zuenir Ventura
*
SEXTA (6/7)
10h
Mesa 5
Drummond - o poeta moderno: Antonio C. Secchin e Alcides Villaça, com mediação de Flávio Moura
Mesa 5
Drummond - o poeta moderno: Antonio C. Secchin e Alcides Villaça, com mediação de Flávio Moura
12h
Mesa 6
O mundo de Shakespeare: Stephen Greenblatt e James Shapiro, com mediação de Cassiano Elek Machado
Mesa 6
O mundo de Shakespeare: Stephen Greenblatt e James Shapiro, com mediação de Cassiano Elek Machado
15h
Mesa 7
Exílio e flânerie: Teju Cole e Paloma Vidal, com mediação de João Paulo Cuenca
Mesa 7
Exílio e flânerie: Teju Cole e Paloma Vidal, com mediação de João Paulo Cuenca
17h15
Mesa 8
Literatura e liberdade: Adonis e Amin Maalouf, com mediação de Alexandra Lucas Coelho
Mesa 8
Literatura e liberdade: Adonis e Amin Maalouf, com mediação de Alexandra Lucas Coelho
19h30
Mesa 9
Encontro com Jonathan Franzen, mediação de Ángel Gurría-Quintana
Mesa 9
Encontro com Jonathan Franzen, mediação de Ángel Gurría-Quintana
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SÁBADO (7/7)
10h
Mesa 10
Cidade e democracia: Richard Sennett e Roberto DaMatta, com mediação de Guilherme Wisnik
Mesa 10
Cidade e democracia: Richard Sennett e Roberto DaMatta, com mediação de Guilherme Wisnik
12h
Mesa 11
Pelos olhos do outro: Ian McEwan e Jennifer Egan, com mediação de Arthur Dapieve
Mesa 11
Pelos olhos do outro: Ian McEwan e Jennifer Egan, com mediação de Arthur Dapieve
15h
Mesa 12
Em família: Zuenir Ventura, Dulce Maria Cardoso, João Anzanello Carrascoza, com mediação de João Cezar de Castro Rocha
Mesa 12
Em família: Zuenir Ventura, Dulce Maria Cardoso, João Anzanello Carrascoza, com mediação de João Cezar de Castro Rocha
17h15
Mesa 13
O avesso da pátria: Zoé Valdés, Dany Laferrière, com mediação de Alexandra Lucas Coelho
Mesa 13
O avesso da pátria: Zoé Valdés, Dany Laferrière, com mediação de Alexandra Lucas Coelho
19h30
Mesa 14
Encontro com J. M. G. Le Clézio, com mediação Humberto Werneck
Mesa 14
Encontro com J. M. G. Le Clézio, com mediação Humberto Werneck
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DOMINGO (8/7)
10h
Mesa 15
Vidas em verso: Jackie Kay e Fabrício Carpinejar, com mediação de João Paulo Cuenca
Mesa 15
Vidas em verso: Jackie Kay e Fabrício Carpinejar, com mediação de João Paulo Cuenca
11h45
Mesa 16
A imaginação engajada: Rubens Figueiredo e Francisco Dantas, com mediação de João Cezar de Castro Rocha
Mesa 16
A imaginação engajada: Rubens Figueiredo e Francisco Dantas, com mediação de João Cezar de Castro Rocha
14h30
Mesa 17
Drummond - o poeta presente: Armando Freitas Filho (em vídeo), Eucanaã Ferraz Carlito Azevedo, com mediação de Flávio Moura
Mesa 17
Drummond - o poeta presente: Armando Freitas Filho (em vídeo), Eucanaã Ferraz Carlito Azevedo, com mediação de Flávio Moura
16h30
Mesa 18
Entre fronteiras: Gary Shteyngart e Hanif Kureishi, com mediação de Ángel Gurría-Quintana
Mesa 18
Entre fronteiras: Gary Shteyngart e Hanif Kureishi, com mediação de Ángel Gurría-Quintana
18h15
Mesa 19
Livro de cabeceira: Convidados da Flip leem trechos de seus livros prediletos
Mesa 19
Livro de cabeceira: Convidados da Flip leem trechos de seus livros prediletos
Carlos Drummond de
Andrade
De uma família de fazendeiros em decadência, estudou na
cidade de Belo Horizonte e com os jesuítas no Colégio Anchieta de Nova Friburgo
RJ, de onde foi expulso por “insubordinação mental”.
De novo em Belo Horizonte, começou a carreira de escritor
como colaborador do Diário de Minas, que aglutinava os adeptos locais do
incipiente movimento modernista mineiro.
Ante a insistência familiar para que obtivesse um diploma,
formou-se em farmácia na cidade de Ouro Preto em 1925. Fundou com outros
escritores A Revista, que, apesar da vida breve, foi importante veículo de
afirmação do modernismo em Minas.
Ingressou no serviço público e, em 1934, transferiu-se
para o Rio de Janeiro, onde foi chefe de gabinete de Gustavo Capanema,
ministro da Educação, até 1945. Passou depois a trabalhar no Serviço do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e se aposentou em 1962. Desde
1954 colaborou como cronista no Correio da Manhã e, a partir do
início de 1969, no Jornal do Brasil.
O modernismo não chega a ser dominante nem mesmo nos
primeiros livros de Drummond, Alguma poesia (1930) e Brejo das almas (1934), em
que o poema-piada e a descontração sintática pareceriam revelar o contrário. A
dominante é a individualidade do autor, poeta da ordem e da consolidação, ainda
que sempre, e fecundamente, contraditórias. Torturado pelo passado, assombrado
com o futuro, ele se detém num presente dilacerado por este e por aquele,
testemunha lúcida de si mesmo e do transcurso dos homens, de um ponto de vista
melancólico e cético. Mas, enquanto ironiza os costumes e a sociedade,
asperamente satírico em seu amargor e desencanto, entrega-se com empenho e
requinte construtivo à comunicação estética desse modo de ser e estar.
Vem daí o rigor, que beira a obsessão. O poeta trabalha
sobretudo com o tempo, em sua cintilação cotidiana e subjetiva, no que destila
do corrosivo. Em Sentimento do mundo (1940), em José (1942) e sobretudo em A
rosa do povo (1945), Drummond lançou-se ao encontro da história contemporânea e
da experiência coletiva, participando, solidarizando-se social e politicamente,
descobrindo na luta a explicitação de sua mais íntima apreensão para com a vida
como um todo. A surpreendente sucessão de obras-primas, nesses livros, indica a
plena maturidade do poeta, mantida sempre.
Várias obras do poeta foram traduzidas para o espanhol,
inglês, francês, italiano, alemão, sueco, tcheco e outras línguas. Drummond foi
seguramente, por muitas décadas, o poeta mais influente da literatura
brasileira em seu tempo, tendo também publicado diversos livros em prosa.
Em mão contrária traduziu os seguintes autores
estrangeiros: Balzac (Les Paysans, 1845; Os camponeses), Choderlos de Laclos
(Les Liaisons dangereuses, 1782; As relações perigosas), Marcel Proust (La
Fugitive, 1925; A fugitiva), García Lorca (Doña Rosita, la soltera o el
lenguaje de las flores, 1935; Dona Rosita, a solteira), François Mauriac
(Thérèse Desqueyroux, 1927; Uma gota de veneno) e Molière (Les Fourberies de
Scapin, 1677; Artimanhas de Scapino).
Alvo de admiração irrestrita, tanto pela obra quanto pelo
seu comportamento como escritor, Carlos Drummond de Andrade morreu no Rio de
Janeiro RJ, no dia 17 de agosto de 1987, poucos dias após a morte de sua filha
única, a cronista Maria Julieta Drummond de Andrade.
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